Leonaldo Arruda Magalhães
20/10/2025
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Na manhã da última sexta-feira (17), o grupo de dança tradicional cuiabana de siriri da APAE Cuiabá Flor de Margarida, subiu ao palco do “1.º Simpósio de Pacientes com Necessidades Especiais” promovido pelo Conselho Regional de Odontologia de Mato Grosso (CRO‑MT). O evento tinha como meta apresentar inovações, possibilidades e novas abordagens voltadas a pessoas com deficiência ou com necessidades especiais — e a participação da APAE Cuiabá foi parte central desse objetivo.
A convite do CRO‑MT, a entidade foi chamada a compor as discussões sobre deficiência e inclusão, por meio da articulação de sua então presidente, Norma Iglésias, juntamente com a diretoria do conselho. Norma carrega uma ligação familiar à causa: filha do fundador da APAE e irmã de Ricardo Iglésias — que nasceu com síndrome de Down — ela personifica a dimensão pessoal e institucional dessa atuação.
Durante o simpósio, a vice‑presidente da APAE, Rosângela Pereira, fez uso da tribuna para expor os desafios e metas da instituição, que presta atendimento integral — nas áreas de educação, assistência social e saúde — a cerca de 150 assistidos. Ela sublinhou ainda a necessidade de parcerias específicas no campo da odontologia para que o atendimento da APAE dê conta das especificidades das pessoas com deficiência.
O presidente da APAE, Leonaldo Arruda, reforçou a importância da parceria com o CRO‑MT, ressaltando que a visibilidade trazida pelo convite reforça o protagonismo dos assistidos. “Ficamos felizes: nós, da diretoria, trabalhamos para dar esta visibilidade aos assistidos, autonomia e buscando tratamento junto ao crescimento pessoal de cada um. Este convite da nossa ‘presidente’ Norma vem de encontro ao protagonismo dos assistidos na apresentação da dança, e o convite para participar das discussões também nos faz refletir e falar sobre a busca constante pela saúde na APAE. Que venham sempre essas parcerias e ações em prol da pessoa com deficiência”, frisou.
Panorama em Mato Grosso
Segundo dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estado de Mato Grosso registra cerca de 319 mil pessoas com deficiência, o que representa aproximadamente 5,7 % a 8 % da população (dependendo da base de cálculo).
Esses dados evidenciam que, apesar das barreiras, as pessoas com deficiência compõem um contingente relevante para as políticas de educação, saúde, cultura e inclusão — e que iniciativas como as promovidas pela APAE ganham especial significado.
Cultura, saúde e inclusão: a dança como expressão e ferramenta
A presença do grupo Flor de Margarida da APAE no simpósio traz uma dimensão simbólica e prática importante: trata‑se da valorização de uma manifestação cultural típica da Baixada Cuiabana — a dança do siriri — aliada a uma homenagem à pessoa com deficiência como protagonista da cultura, da saúde e da convivência social. A dança serve tanto como expressão artística quanto como ferramenta de inclusão, autoestima e visibilidade.
Desafios e perspectivas
Apesar dos avanços, permanecem desafios. A adaptação dos espaços odontológicos, a capacitação contínua dos profissionais, o transporte, o acesso e a articulação entre entidades sociais, saúde e cultura são pontos que exigem trabalho constante. A parceria entre a APAE e o CRO‑MT, evidenciada no evento, mostra que iniciativas integradas podem contribuir para superar essas barreiras.